-
Arquitetos: José Antonio Molina, Marià Castelló Martínez
- Área: 310 m²
- Ano: 2021
-
Fotografias :Marià Castelló,
-
Fabricantes: Rothoblaas, Bulthaup, Diabla Outdoor, ELEVATE, Fragments d'Arquitectura, Geopannel, ICONICO, LEMA, Tres
Descrição enviada pela equipe de projeto. Port de la Selva é um pequeno povoado costeiro na parte norte da Costa Brava,Espanha. A intervenção está localizada em um terreno no bairro "La Tamariua" na encosta norte de Puig Gros, um pequeno promontório que circunda e protege o porto da cidade.
A topografia apresenta um declive acentuado em direção ao mar com abundantes afloramentos de pórfiro, uma rocha escura e muito dura que caracteriza a geologia de origem vulcânica do local. As condições climáticas são típicas do clima mediterrâneo, embora por vezes se tornem extremas, com ventos fortes do norte (Tramontana) que atingem frequentemente a costa.
A tensão entre a orientação solar ideal e as vistas panorâmicas comprime o programa residencial para uma família com quatro filhos em dois níveis: o inferior embutido na rocha e o superior, fragmentado em dois volumes. Esta combinação de estratégias (incrustação no terreno e divisão volumétrica) permite reduzir o volume aparente da intervenção e melhorar a sua integração na paisagem, além de gerar diferentes pátios que proporcionam aconchego, iluminação e ventilação em pontos estratégicos. Os interstícios entre a matriz rochosa do pórfiro e a arquitetura tornam-se os momentos mais líricos da proposta e onde mais se quer estar.
Enquanto no pavimento inferior, quase ao nível da rua, estabelecem-se relações mais íntimas com o exterior através de pátios, no superior os dois volumes abrem-se frontalmente à paisagem e ao horizonte do mar. Também no nível superior são geradas relações mais introvertidas entre os volumes e o substrato rochoso que os envolve. Assim, o anexo de vidro, que conecta verticalmente os dois corpos, atua como uma tela contra o vento e gera um espaço de relações externas abrigado do vento predominante, mas visualmente permeável ao mar. Este, por sua vez, é capaz de receber a luz solar correta durante os meses de inverno, pois também está orientado para o sul.
Do ponto de vista tectônico, o concreto é o material predominante tanto no exterior quanto no interior, visto que sua natureza pedregosa estabelece um intenso diálogo com o substrato rochoso do local. Da mesma forma, sua resistência às intempéries (ventos fortes e ambiente marinho) o tornam uma das opções mais duráveis, com pouca manutenção e, portanto, mais sustentável.
Também no exterior, a brita de pórfiro retirada da própria escavação foi utilizada para rematar as coberturas e os pátios intersticiais entre a intervenção e o alicerce. Para compensar as qualidades intrínsecas do concreto, a madeira de carvalho foi escolhida na materialização da carpintaria exterior, em alguns revestimentos, móveis por medida, etc., proporcionando aconchego e harmonia ao conjunto.